History
The origin of the Quintal and its people
Estima-se que em finais do século XVIII a propriedade que é hoje parte do Quintal d’Olívia tenha sido herdada por Cândida Ascenção, mãe de Olívia. João dos Santos Isabel, o pai, era um menino “enjeitado” que chegou à Cela para trabalhar na agricultura vindo de uma qualquer casa de caridade de Lisboa.
Uma vez casados, Cândida e João fizeram do Quintal o seu ninho. Lá habitavam, por lá tinham as suas árvores de fruto e os seus animais, dos quais uma junta de bois que, certamente, faria deles menos pobres entre os pobres, num tempo em que a pobreza era dominante em Portugal.

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É neste contexto que nasce Olívia, a 12 de Junho de 1913. Uma vez chegada a idade adulta enamorou-se por um jovem canastreiro, José Gonçalves da Silva, vulgo Zé Marrafa, que viria a ser o seu marido, numa relação que não mereceu a bênção dos pais, em especial da mãe Cândida, pois era um rapaz pobre.
A contenda entre mãe e filha foi tal que terminou com a expulsão de Olívia deserdada de casa dos pais. Tal facto, segundo se diz, fez tocar os sinos da igreja da aldeia para que se resolvesse o litígio familiar.
Dada a situação de fragilidade de Olívia, e após a morte dos pais, os irmãos Conceição e Abílio, bem-sucedidos por Lisboa, facilitaram a Olívia a compra da parte do quintal que incluía a casa, para que lá se instalasse com o marido e a filha Eunice, entretanto nascida a 14 de Julho de 1948.
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Com uma força de trabalho imensa, Olívia, com a colaboração do marido, foi alcançando as suas vitórias, facto que aliado ao carácter forte que caracteriza as “Chaleiras” – alcunha dada às mulheres da família – faz dela, aos nossos olhos, uma referência da força e da obstinação humana no feminino.
É neste contexto que, em 2008, decidimos honrar a sua memória e o legado que nos deixou e permitir que o seu Quintal continuasse a ser um espaço de acolhimento tão caloroso quanto o era no seu tempo, de cada vez que recebia a família em sua casa com o seu pão quente, o seu coelho vagarosamente guisado ao lume brando da sua chaminé ou as suas morcelas que ainda hoje perduram na memória dos que tiveram o privilégio de as saborear.